quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

OUTROS POETAS: ANA PARANHOS - GUAPURUVU

                                                                                               
GUAPURUVU

                                                                                                                    Ana Paranhos

O céu mudou de cor. Imensas

E diáfanas plumagens tingem

O céu de verde-bandeira,

Esverdeando o mundo todo.

Galhos-asas, asas-galhos

Voam encobrindo espaços.

O céu não mais é azul

O sul não é mais o sul

E perdemos o norte.

Cachos de flores amarelo-ouro

Dançam ao vento.

Caem coroando as cabeças que passam

Dos pequenos e grandes reis.

 
(PARANHOS, Ana Lúcia Silva. Guapuruvu. In: CLAUSEN, Ana Cristina.; PARANHOS, Ana Lúcia Silva.; ALMEIDA, Eli Carneiro de.; FISCH, Vera. Quarteto em versos. Gramado: Letras em cores, 2007, p. 21). (Publicado com autorização da autora)

Foto: Maria Alice Bragança - Todos os direitos reservados
 
 
 
 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

REENCONTRO II

Aqui estamos,
e as palavras não têm sentido.
Quem acreditaria?

Este silêncio é incômodo
como um sapato apertado.


(Maria Alice Bragança, Quarto em Quadro, Rio de Janeiro: Shogun Editora e Arte, 1986, coordenação editorial de Christina Oiticica).




                              Foto: Maria Alice Bragança
                                Todos os direitos reservados.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

O POETA

O poeta tem sete fases. Elegias, versos livres,
poesia concreta, odes, sonetos, 
tankas,  haicais. Tudo inventa.
O poeta tem sete faces
mente que sofre, sofre e mente.
Tudo tenta.

(Maria Alice Bragança In: MARCELINO, Walmor et al. 1ª Reunião de Poetas – Sul. Curitiba: Quem de Direito, 2002).






quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DIFUSA

Não virá aquele com quem sonhava.
Sei que mal lhe adivinho o rosto,
mas não perseguirei imagens na multidão.

Sei que não virá,
vestido de brumas e altares.
No entanto, posso encontrar-me,
mulher, somente,
caminhando difusa em uma tarde de outono.


Foto: Maria Alice Bragança
        Todos os direitos reservados.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

TENTATIVA

O que eu queria te dizer
não sei em que momento
foi roubado.
Talvez por um espelho quebrado,
talvez por uma porta batida.
Foi-se em um desses guetos
onde a vida bifurca.

O que queria dizer-te
não consegue irromper dos lábios.
Talvez tenha uma beleza trágica,
talvez rasque meu coração.
O que queria te dizer
o gato comeu.





(Maria Alice Bragança, O quarto em quadro, 1986)





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