domingo, 3 de outubro de 2010

OS MEANDROS DA MEMÓRIA

















Foto: Maria Alice Bragança
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Realmente muito interessante mesmo a apresentação feita pelo curador Jacques Leenhardt para "Os meandros da memória" ontem na Fundação Iberê Camargo aos professores convidados pela Ação Educativa... Algumas questões colocadas por ele exigem um certo tempo de reflexão. Uma leitura muito produtiva da obra de Iberê Camargo. Fiquei com muita vontade de voltar à exposição. Ótimo que ela ficará até 3 de abril de 2011.

sábado, 11 de setembro de 2010

UM MUNDO A PERDER DE VISTA: GUIGNARD














Noite de São João (1961), de Guignard. O clima esfumaçado é uma das marcas do artista que fugiu das regras modernistas
Uma alegre surpresa de sexta-feira a chegada do convite, via AMARGS, para a abertura da exposição Guignard e o Oriente: China, Japão e Minas. Com curadoria do crítico Paulo Herkenhoff e de Priscila Freire, ex-diretora do Museu de Arte da Pampulha de Belo Horizonte a exposição fica no MARGS até início de novembro. Após ver a exposição Um Mundo a Perder de Vista — Guignard na Fundação Iberê Camargo, acompanhada de excelentes palestras, fiquei mais curiosa sobre o trabalho de Guignard.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ARTE E MODA: UMA BOA LEITURA

Arte e moda encontram-se e se influenciam todo o tempo. Lançado no final do ano passado, Roupa de artista: O vestuário na obra de arte é uma leitura interessante para quem gosta de moda e de arte.
A autora é a crítica, curadora e historiadora da arte Cacilda Teixeira da Costa, que, a partir de uma pesquisa que durou três anos, analisa como as roupas aparecem em pinturas e esculturas.
Ela aborda uma infinidade de obras de artistas do Renascimento aos dias atuais.
Segundo ela, jovens artistas continuam se apropriando do vestuário como metáfora ou forma de expressão e os estilistas propõem coleções inspiradas em obras de artistas. Os desfiles são cada vez mais performáticos.
A apresentação do livro é assinada pelo crítico de arte Walter Zanini. Ele destaca a contribuição da autora ao relacionar estudos sobre artistas e sobre vestuário.








Maja vestida (1800-1805). Francisco de Goya (1746-1828) usou tecidos leves para valorizar o corpo feminino e, assim, mostrou como a roupa poderia também aguçar o erotismo.
 
A autora lança mão de aspectos da história e da arte, da história social da moda, da estética e semiótica de suas análises ilustradas com muitos exemplos. Cita, por exemplo, Velázquez, um mestre na descrição pictórica dos trajes da corte, e, no século XIX, o realismo descritivo tenha chegado, talvez na obra de Ingres, ao seu mais alto grau.











Madame Moitessier (1856). O vestido de seda estampada recebe do pintor francês Jean Dominique Ingres (1780-1867) o mesmo cuidado dedicado ao rosto da retratada.
 
Um rompimento ocorre logo após, quando Degas deixa de lado a representação e utiliza o próprio vestuário como parte integrante da obra de arte.
 











Pequena Bailarina de Quatorze Anos, de 1880, de Edgar Degas, vestuário com o bronze, 99 centímetros excluindo uma base de madeira. Desde 1951, o MASP, em São Paulo, possui uma das cópias fundidas em bronze após a morte do artista. O original em cera dessa obra, apresentado na VI Exposição Impressionista, de 1881, foi a única escultura de Degas exposta em vida. Um modelo desse trabalho foi Maria Van Goethem, aluna da ópera.
 
Por volta de 1770 surgiram, como primeiras publicações sobre moda, como La Galerie des Modes, criada entre 1778 e 1787. No início, como revistas reproduziam as roupas usadas pelos mais elegantes da época. Em seguida, passaram a apresentar modelos e informações sobre tendências em voga.
Uma das obras citadas no livro é Negras livres vivendo de suas atividades, de Jean-Baptiste Debret, que traz uma visão do artista sobre as roupas utilizadas pelos escravos alforriados no Brasil de 1835.





















Para o casamento da princesa, o artista vestiu uma Corte Espanhola de prata e preto estendendo, como roupas o jogo de claro-escuro explorado em obras suas. Em junho de 1660, coube ao pintor, contratado da Corte de Felipe IV, uma organização do casamento da princesa Maria Teresa com o rei da França, Luís XIV. Na época, a Espanha vivia um período de declínio e não podia deixar transparecer essa situação para não correr o risco de ser cancelada uma conveniente aliança.
Velázquez sabia que os franceses compareceriam à cerimônia ostentando luxo, principalmente tons de vermelho, a cor utilizada pela realeza.
O artista vestir então os nobres espanhóis de preto e investiu em tons prateados para as rendas e joias. Deu certo, Luís XIV e seus pares não só se impressionaram com o efeito poderoso das roupas dos vizinhos como ficaram completamente ofuscados por sua ousadia. Velázquez morreu dois meses depois do casamento, e há quem diga que foi de exaustão.




















A infanta Margarita (1659), Diego Velázquez (1599-1660).

Emilie Flöge
, do austríaco Gustav Klimt (1862-1918), de 1902. O artista criou com a  estilista Emilie Flöge inúmeras túnicas com motivos geométricos e brilhantes que seriam depois usadas por suas modelos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

2010: RECOMEÇOS E GARRAFAS AO MAR


Um novo ano e, enfim, repetem-se todas as intenções e algumas autopromessas feitas em outros anos... Então, em 2010, finalmente nada disso. Com pouco tempo mesmo para me dedicar ao blog, vou assumir que vou escrever quando puder.
Afinal, se o tempo precisa ser dividido entre tantas atividades interessantes, antes de escrever sobre a vida, vamos a ela... Vivê-la da forma mais intensa possível. Gastar mais tempo desfrutando exposições de arte, bons livros, bons filmes, bons amigos, pôr-do-sol, descobertas, do que em frente ao computador. Um blog como folha ao vento, ou garrafa ao mar...

Reservando tempo ao que vale o tempo, 2010 trouxe bons momentos assistindo a um DVD presenteado por amigos queridos. Da Paula e do Roberto, ganhei este DVD recém-lançado "A vida secreta de uma obra-prima", produzido pela BBC. São três DVDS. Cada um com 150min, uma programação e tanto para as férias, pois exige bastante tempo. O primeiro deles, "Pós-Impressionismo", assisti com voracidade, aquela de quem ganha um brinquedo novo mesmo...

As obras comentadas são "O Baile no Moinho de La Galette", de Auguste Renoir; "Os Girassóis", de Vincent Van Gogh; e "Um domingo a tarde na Ilha da Grande Jatte", de Georges Seurat. As opções rendem-se ao conhecido, ao quase "pop" e ao ainda cultivado fetiche da ideia da obra-prima. Porém, com qualidade visual, pesquisa interessante, informações históricas mescladas à documentação do mundo real, dos museus, dos marchands, dos leilões, das galerias, dos colecionadores, a abordagem ganha interesse, como uma reportagem de revista bem escrita.

O DVD vale todos os minutos, os 150 minutos... E vale reservar tempo para os outros dois, que agendei, sem dúvida. "A vida secreta de uma obra-prima" também pode ilustrar aulas de história da arte, por sua dinâmica e informações variadas...
Das três primeiras obras abordadas, sempre me chama a atenção a de Van Gogh. E lembrei de outro filme que vale a pena ver e rever

"Sede de viver", com Kirk Douglas, um clássico de 1956. Muito comentado na época, o filme popularizou a figura de Van Gogh. É uma das ótimas opções de filmes biográficos de artistas disponível em DVD. Outros desses filmes, como é o caso de "Basquiat - Traços de uma vida" e "Goya", foram reproduzidos no Brasil apenas em VHS.
Bem, pior ainda foi o que ocorreu com "Klimt", que chegou a ser exibido pela TVA e nem em VHS foi reproduzido...