A autora é a crítica, curadora e historiadora da arte Cacilda Teixeira da Costa, que, a partir de uma pesquisa que durou três anos, analisa como as roupas aparecem em pinturas e esculturas.
Ela aborda uma infinidade de obras de artistas do Renascimento aos dias atuais.
Segundo ela, jovens artistas continuam se apropriando do vestuário como metáfora ou forma de expressão e os estilistas propõem coleções inspiradas em obras de artistas. Os desfiles são cada vez mais performáticos.
A apresentação do livro é assinada pelo crítico de arte Walter Zanini. Ele destaca a contribuição da autora ao relacionar estudos sobre artistas e sobre vestuário.
Maja vestida (1800-1805). Francisco de Goya (1746-1828) usou tecidos leves para valorizar o corpo feminino e, assim, mostrou como a roupa poderia também aguçar o erotismo.
A autora lança mão de aspectos da história e da arte, da história social da moda, da estética e semiótica de suas análises ilustradas com muitos exemplos. Cita, por exemplo, Velázquez, um mestre na descrição pictórica dos trajes da corte, e, no século XIX, o realismo descritivo tenha chegado, talvez na obra de Ingres, ao seu mais alto grau.
Madame Moitessier (1856). O vestido de seda estampada recebe do pintor francês Jean Dominique Ingres (1780-1867) o mesmo cuidado dedicado ao rosto da retratada.
Um rompimento ocorre logo após, quando Degas deixa de lado a representação e utiliza o próprio vestuário como parte integrante da obra de arte.
Pequena Bailarina de Quatorze Anos, de 1880, de Edgar Degas, vestuário com o bronze, 99 centímetros excluindo uma base de madeira. Desde 1951, o MASP, em São Paulo, possui uma das cópias fundidas em bronze após a morte do artista. O original em cera dessa obra, apresentado na VI Exposição Impressionista, de 1881, foi a única escultura de Degas exposta em vida. Um modelo desse trabalho foi Maria Van Goethem, aluna da ópera.
Por volta de 1770 surgiram, como primeiras publicações sobre moda, como La Galerie des Modes, criada entre 1778 e 1787. No início, como revistas reproduziam as roupas usadas pelos mais elegantes da época. Em seguida, passaram a apresentar modelos e informações sobre tendências em voga.
Uma das obras citadas no livro é Negras livres vivendo de suas atividades, de Jean-Baptiste Debret, que traz uma visão do artista sobre as roupas utilizadas pelos escravos alforriados no Brasil de 1835.
Velázquez sabia que os franceses compareceriam à cerimônia ostentando luxo, principalmente tons de vermelho, a cor utilizada pela realeza.
O artista vestir então os nobres espanhóis de preto e investiu em tons prateados para as rendas e joias. Deu certo, Luís XIV e seus pares não só se impressionaram com o efeito poderoso das roupas dos vizinhos como ficaram completamente ofuscados por sua ousadia. Velázquez morreu dois meses depois do casamento, e há quem diga que foi de exaustão.
A infanta Margarita (1659), Diego Velázquez (1599-1660).
Emilie Flöge, do austríaco Gustav Klimt (1862-1918), de 1902. O artista criou com a estilista Emilie Flöge inúmeras túnicas com motivos geométricos e brilhantes que seriam depois usadas por suas modelos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário